“Configuración global y la nueva inserción de los países periféricos: reflexiones e impactos en América Latina”



Coordinan: Gabriel Rached y Valéria Ribeiro 

 (Universidade Federal Fluminense y Universidade Federal do Rio de Janeiro)

 

Nas últimas décadas vem se observando uma série de transformações – cada vez mais velozes e profundas - na conjuntura internacional que se reflete em aspectos econômicos, políticos, sociais e institucionais.

Ainda nos anos 80 e 90, com exceção dos países asiáticos, a quase totalidade dos países periféricos da América Latina e África apresentou não apenas baixas taxas de crescimento, como também uma ampla restrição externa imposta por crises de dívida e pela abertura financeira nos anos 90, tornando essas economias amplamente dependentes das economias centrais.
 
Em contraste com este período, desde os anos 2000 tem se observado tanto o aumento das taxas de crescimento dos países periféricos, como uma maior contribuição destes para o crescimento do PIB global e do comércio mundial, quando comparados à contribuição dos países centrais, como os Estados Unidos e Europa.

Com singularidades evidentes e contrastantes países como China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul vêm expandindo seu comércio externo e suas taxas de crescimento através da ampliação de seus mercados domésticos e da intensificação do comércio realizado entre estes próprios países. Ainda que com eventuais particularidades ao longo do período é possível observar, como tendência mais geral, que o cenário concernente aos países periféricos está em transformação – o que sugere um panorama com maior inserção internacional das economias até então consideradas não centrais. Dessa forma, dentro desta nova configuração da economia internacional, observa-se a presença de polos autônomos de crescimento que surgem em paralelo ao “centro cíclico principal”.

Essas transformações alcançam dimensões que extrapolam a esfera econômica passando por mudanças que envolvem também as correlações de força dentro do sistema interestatal. 
 
Nessa perspectiva é possível afirmar que a nova conjuntura expressa uma fase de expansão do sistema interestatal, ainda centrada na expansão do poder americano e agora também na resposta nacionalista de diversos países ao redor do mundo. Em tal ambiente reforça-se a pressão competitiva entre os Estados e aponta-se até mesmo para um processo de expansão ou nova corrida imperialista.
 
Esse processo representa uma transformação estrutural de longo prazo do sistema interestatal iniciada na década de 70, quando os EUA acentuam seu processo de expansão de forma explícita. Ainda hoje os EUA seguem tendo papel decisivo, dadas: a posição do dólar como moeda de referência das relações comerciais e financeiras a despeito inclusive da atual crise financeira mundial; a liderança no ranking do maior arsenal bélico e atômico mundiais; além da centralização da informação e da corrida tecnológica. Apesar dessa posição de liderança a disputa entre as grandes potências não acabou, ao contrário, se intensificou. Nesse sentido, o processo de expansão americano acabou por reforçar os nacionalismos e a concorrência entre as principais nações mundiais.
 
Alguns dos sinais dessa pressão competitiva e de corrida entre os Estados já podem ser observados na presença cada vez mais ativa da China, da Rússia e de outros países, com interesses territoriais e energéticos que apontam o acirramento da competição interestatal.

Estas transformações de ordem econômica e política manifestam-se também em outras esferas, apontando para (novas) articulações institucionais, outras formas de organização social, além de propostas de políticas públicas que vêm sendo formuladas para enfrentar os dilemas da sociedade contemporânea.

Por esta perspectiva, torna-se pertinente através deste simpósio discutir de forma ampla e profunda as mutações de ordem econômica, social e política em curso na América Latina, bem como refletir, a partir de resultados de pesquisas, acerca da inserção dos países latino americanos nesse novo contexto. Isso permitirá uma reflexão sobre as condições do presente, os constrangimentos do passado e as possibilidades de futuro, buscando compreender os reflexos e impactos dessa gama de transformações no contexto latino americano atual.

Assim como outras regiões periféricas, os países latino americanos vêm enfrentando uma série de desafios nesse início de século XXI. Novas estratégias de desenvolvimento econômico, inserção em uma nova dimensão da divisão internacional do trabalho, aderência a novos arranjos institucionais, além de decisões ligadas à alocação de recursos estratégicos tornam-se questões da ordem do dia cujo debate apresenta-se fundamental.

Trabalhos envolvendo questões econômicas, sociais, políticas e institucionais, relacionados com os campos da geopolítica internacional, mudanças nas relações de forças e novas inserções dos países periféricos no sistema interestatal, assim como seus impactos na realidade latino americana recente, são de interesse direto do presente simpósio.

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